Bagunça em casa pode desgastar o relacionamento entre pais e filhos


Dizem que a desorganização externa reflete a interna. Algumas pessoas, quando não estão bem, notam que seus armários estão de pernas para o ar.
Saber se organizar é um aprendizado. Um hábito a ser formado. Algumas pessoas são tão ordeiras que beiram a obsessão. Outras nunca conseguem colocar nada em ordem. São eternos desordeiros.
Enquanto os filhos são pequenos, com a ajuda dos pais, eles conseguem colocar um pouco as coisas no lugar. À medida que crescem, principalmente quando começam a entrar na adolescência, as coisas mudam.
A desorganização é uma característica encontrada nos adolescentes. Claro que nem todos são assim e sem dúvida a criação importa, mas não depende só dela. A fase em que se encontram é um momento de reorganização de alguns aspectos da personalidade, como a autonomia, sexualidade, profissão e outras mais. Tudo parece estar fora do lugar. Inclusive o lugar que eles ocupam no mundo – não são mais crianças e muito menos adultos.
Lidar com isso não é fácil. São roupas pelo caminho, tênis mal cheirosos no hall de entrada, cadernos despencando das mesas e pratos empilhados na pia. Sem contar o descuido com a própria higiene. E haja paciência. Ou a falta dela.
A bagunça costuma desgastar o relacionamento entre pais e filhos. Lembrar a prole de que é necessário por tudo no lugar costuma ser em vão – ela parece surda aos inúmeros apelos e fica tudo como está. Até que num ponto limite, quando já não suportam mais, os adultos arrumam tudo. Se dependesse dos adolescentes, a desordem continuaria, pois costumam suportá-la por mais tempo. As coisas voltam ao normal, mas a desarrumação começa e tudo se repete.
Vivendo essa história, uma canadense com três filhas na pré-adolescência resolveu, junto com o marido, fazer greve de arrumação. Não disseram e não organizaram mais nada – deixaram o caos se instalar. Muito provavelmente tiveram que suportar o insuportável para atingirem o limite das meninas. Após alguns dias, elas começaram a se incomodar e a colocar as coisas no lugar. A mãe contou sua experiência num blog e muitos pais resolveram seguir seu exemplo. Também tem recebido críticas, como se ela não soubesse criar as filhas.
Mas eles se empenharam nisso e obtiveram sucesso. Para alguns, só a repreensão é forma de educar. Eles brincaram com a situação, criando um espaço lúdico onde a bagunça valia. Essa permaneceu até o suportável para as garotas que, a exemplo dos pais, começaram a culpar umas as outras pela situação. E ainda a exemplo dos pais, passaram a organizar o ambiente. Uma das formas de educar os filhos, mais que falar, é dar o exemplo.
Além do mais, foi dada a elas a possibilidade de poderem se incomodar – primeiro passo para que as mudanças ocorram.
Não sabemos se essa atitude vai dar certo em todos os lares, pois não há fórmula infalível para criar filhos. Mas uma boa ideia é não se resignar a velhos paradigmas e criar possibilidades outras para isso.

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