Desejo de reconciliação após a separação: o que fazer?


Reconciliar é voltar a um estado parecido com o anterior, após um conflito que provocou afastamento, briga ou ruptura.
Os afastamentos, estremecimentos e rupturas são ocorrências comuns em relacionamentos que duram bastante tempo.  Durante essas crises, os parceiros acreditam que o relacionamento vai ser rompido definitivamente. Na grande maioria desses casos, o relacionamento sobrevive e segue em frente normalmente. Essas crises também são muito frequentes em relacionamentos que estão apenas começando. Em ambos esses tipos de relacionamentos é comum haver uma ruptura e, posteriormente, arrependimentos e o desejo de voltar atrás. Essa volta, no entanto, pode encontrar obstáculos que são colocados pelo outro parceiro ou por mecanismos psicológicos que dificultam a reconciliação.

Pesquisa americana mostra quantidade supreendente de separados que desejam a reconciliação
Uma pesquisa recente2, realizada nos Estados Unidos, verificou uma coisa interessante: naqueles casos onde o divórcio está em andamento, existe uma quantidade supreendente de pessoas que têm esperança de reconciliação e que teriam interesse em receber ajuda para que isso acontecesse. Essa pesquisa procurou determinar as percentagens de interessados na reconciliação com o ex-cônjuge. Ela foi realizada com 2500 pessoas que estavam se divorciando e que tinham filhos.
Alguns dos resultados dessa pesquisa são os seguintes:
- Um em cada quatro indivíduos afirmou que tinha alguma crença que o relacionamento ainda poderia ter sido salvo se o casal tivessem trabalhado arduamente para isso.
- Em um nono dos casais, ambos os parceiros mostraram alguma crença que o relacionamento poderia ter sido salvo através de um trabalho duro.
- Um em cada dez indivíduos afirmou que estaria seriamente interessado em obter ajuda para uma reconciliação
- Em um em cada dez casais, ambos os parceiros mostraram-se interessados em obter ajuda para a reconciliação.
- Em um em cada três casais, um dos ex-cônjuge estava interessado na reconciliação e o outro não,
- Em 45% dos casais, um ou ambos os ex-cônjuges apresentaram alguma esperança que poderia haver reconciliação. Os homens apresentaram mais este tipo de esperança do que as mulheres.
- Este estudo também concluiu que aqueles casais onde ainda há mais chance de reconciliação também são os aqueles casais onde os conflitos estão provocando mais danos nos filhos. A explicação para isso parece ser de que nestes casais, os cônjuges ainda se importam com o outro e, por isso, eles são mais capaz de se afetarem e, como estão em conflito, isso provoca um maior grau de tensão do que naqueles casais que já alcançaram um bom grau de indiferença entre os cônjuges.

Quando a separação não é a melhor opção

 Muitos relacionamentos amorosos terminam devido a percepções e decisões equivocadas de um ou de ambos os parceiros e não porque as condições que propiciariam um convívio conjugal feliz deixaram de existir. Esses relacionamentos geralmente terminam porque um ou ambos os cônjuges fizeram uma avaliação errada da situação, não possuíam as habilidades ou condições psicológicas para se reconciliarem ou porque tinham inibições que dificultavam as reconciliações após os conflitos, que são inevitáveis em um relacionamento duradouro.
Alguns dos principais motivos para essas separações equivocadas são os seguintes:
- Precipitar a separação quando a cabeça ainda está quente. Por exemplo, durante uma briga, o conflito vai tomando proporções cada vez maiores e um dos cônjuges ameaça separar-se e o outro o desafia para fazer isso. Aceito o desafio, pode ficar difícil voltar atrás.
Certos mecanismos psicológicos fazem que mantenhamos nossas decisões mesmo quando tomamos consciência que elas foram irracionais ou que não eram a melhor opção: valorização da “coerência”, orgulho, vergonha de voltar atrás, ocultação do interesse de reconciliação para preservar a auto estima.
- Fantasias sobre as “maravilhas da vida de separado”. Muitas pessoas tomam como base a vida que tinham antes de se casarem. Quando se separam verificam que não conseguem mais voltar àquela “boa vida de solteiro”.
- Falta de condições psicológicas e de habilidades para perdoar e reconciliar. Certas pessoas guardam mágoas e rancores por muito tempo. Outras pessoas não sabem agir de modo a obter o perdão e aumentar as chances de reconciliação.

Consequências das separações ou das continuidades dos relacionamentos

A separação de casais solidamente constituídos tem graves consequências tanto para aqueles que estão diretamente envolvidos como para outras pessoas relacionadas, principalmente para os filhos pequenos: econômicas, sociais, psicológicas e educacionais. Muitas dessas consequências são obvias e outras são mais sutis. Por exemplo, existem estimativas de que as pessoas demoram cerca de três anos para recomporem suas identidades psicológicas após uma separação de um relacionamento que foi plenamente assumido e que durou um bom tempo.
Por outro lado, permanecer em um relacionamento abusivo, que continua gerando infelicidade e tensão, mesmo após várias tentativas sérias de reparação, pode ser altamente prejudicial para os cônjuges e para seus filhos que vivem em um ambiente familiar deteriorado.

Aconselhamento para ajudar a discernir as melhores decisões

Na nossa cultura não é esperado que após o divórcio aconteçam muitas reconciliações e nem existem instituições e serviços especializados para ajudar os interessados na reconstituição de seus relacionamentos. As separações geralmente são consideradas como definitivas. Mais que isso: quando um dos cônjuges começa a tomar medidas para se separar, a nossa cultura parece considerar que a separação é inevitável.
A Universidade de Minesota criou um serviço (“Counseling Discernment”) para ajudar as pessoas que ainda estão dúvida sobre a separação a adquirirem um maior grau de discernimento e certeza sobre a decisão que estão prestes a tomar: divorciar ou tentar reconciliar e reconstituir o casamento antes de exporem os filhos aos prejuízos causados pela separação.

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