É fácil marcar um encontro: convites diretos para um relacionamento amoroso.Você tem muito medo de revelar o seu interesse amoroso e ser rejeitado?



Porque “enrolamos” tanto antes de apresentar uma proposta amorosa? Porque não dizemos logo que gostamos da pessoa, que ela nos atrai e que gostaríamos de ter um determinado tipo de relacionamento amoroso com ela?
O convite direto é aquele que é apresentado sem muitos rodeios. Este tipo de convite pode ser utilizado tanto entre pessoas conhecidas como entre pessoas desconhecidas.
Vamos examinar agora uma pesquisa que indica que os convites diretos para um encontro amoroso com um desconhecido podem ser bem sucedidos.
O grau de sucesso desse tipo de convite foi pesquisado pelos professores Russell D. Clark III e Elaine Hatfield1, no campus da Universidade Estadual da Flórida, em 1978. Nesta pesquisa, nove estudantes universitários (5 mulheres e 4 homens) apresentavam convites para colegas desconhecidos que encontravam no campusdesta universidade. Estes 9 estudantes tinham aproximadamente 22 anos de idade, estavam vestidos de informalmente e com elegância, e tinham um nível médio de beleza.
Estes 9 estudantes foram instruídos para só abordar colegas atraentes, com os quais estariam inclinados a transar, caso houvessem condições apropriadas. Estes 9 estudantes abordaram um total de 96 colegas do sexo oposto (48 mulheres e 48 homens).
Ao abordar os colegas, os estudantes, faziam uma breve introdução ("Já notei você anteriormente aqui no campus. Acho você muito atraente”) e apresentavam um dentre três convites para o colega abordado. O tipo de convite apresentado em cada abordagem era sorteado de antemão. Estes três convites eram os seguintes: (1) convite para um encontro, (2) convite para ir ao apartamento do convidador e (3) convite para dormirem juntos.
Todos os encontros eram para acontecer na mesma noite do dia que eles eram apresentados.
Esta pesquisa foi refeita nesta mesma Universidade, em 1982,  de acordo com este mesmo procedimento. Os resultados destas duas pesquisas foram muito semelhantes entre si e, por isso, unifiquei-os para fins da apresentação neste artigo.

Percentagens de aceitação dos convites

As percentagens de aceitação para esses convites foram as seguintes:
Homem convida mulher desconhecida para
- Encontro: 53% das mulheres aceitaram o convite
- Ir ao seu apartamento: 3% das mulheres aceitaram o convite
- Dormir juntos: 0% das mulheres aceitaram o convite
Mulher convida homem para:
- Encontro: 50% dos homens aceitaram o convite
- Ir ao seu apartamento: 63% dos homens aceitaram o convite
- Dormir juntos: 75% dos homens aceitaram o convite
Estas percentagens mostram, de uma forma muito clara, o alto grau de sucesso que as mulheres tiveram quando formulavam os três tipos de convites. As percentagens médias de aceitação dos seus convites variaram de 50% (convite para um encontro) a 75% (convite para dormirem juntos).
Os homens, por outro lado, só foram bem-sucedidos quando convidaram mulheres para um encontro (53% de aceitação). As percentagens de aceitação dos outros tipos de convites masculinos foram muito pequenas (3% para ir ao apartamento) ou  nulas (0% para dormirem juntos).
Os níveis de sucesso de homens e mulheres só foram semelhantes quando o convite era para um encontro: 53% dos homens e 50% das mulheres convidados aceitaram esse tipo de convite.

Só fica só quem não convida

É surpreendente constatar que um convite direto para um encontro com uma pessoa desconhecida tenha sido aceito por cerca de 50% dos homens e mulheres convidados. Esta grande percentagem de aceitação de convites diretos para um encontro indica que ele é muito eficaz para iniciar relacionamentos amorosos. Caso estas percentagens de aceitação também aconteçam em outros locais e situações, além do campus de uma universidade, seria muito fácil arranjar parceiros para encontros. Bastaria convidar desconhecidos compatíveis. De cada dois convites haveria, em média, uma aceitação.
Este sucesso fica mais evidente se lembrarmos que os parceiros que aceitaram os convites, nestas duas pesquisas, eram pessoas atraentes para aqueles que as convidaram. Infelizmente ainda não existem pesquisas que avaliem o sucesso destes três tipos de convite quando o convidado é conhecido.
Estas percentagens indicam também que as mulheres que desejam parceiros sexuais têm muita facilidade para consegui-los. Basta formular um convite indireto (“ir ao apartamento”) ou um convite direto (“dormir juntos”) para conseguir sexo com uma pessoa desconhecida. Essa conclusão vem sendo repetidamente confirmada pelos estudos que estou realizando aqui no Brasil. Outras pesquisas indicam, no entanto, que raramente as mulheres estão interessadas em um encontro sexual com uma pessoa desconhecida.
Os homens têm muita dificuldade para conseguir sexo casual com uma parceira desconhecida. Segundo Clark e Hatfield, as mulheres norte-americanas, além de rejeitarem os convites para essa finalidade, se sentiam ofendidas e ficavam muito zangadas com aqueles que apresentavam esse tipo de convite. Tudo indica que as reações negativas a esse tipo de convite também acontecem aqui no Brasil. Por exemplo, perguntei para uma mulher que entrevistei como ela se sentiria caso recebesse um convite direto para fazer sexo. Esta entrevistada deu três respostas: 
            (1) “Pensaria que quem está formulando o convite é louco. (2) Ficaria pensando no que essa pessoa imagina que eu sou para me fazer este tipo de convite e (3) tentaria descobrir o que eu teria feito para dar margem a este tipo de convite.“
Os homens, por outro lado, quando recebiam um convite deste tipo, se sentiam lisonjeados. Clark e Hatfield relatam que mesmo aqueles homens que não aceitaram os convites para ir ao apartamento ou para sexo se mostraram envaidecidos e deram justificativas para não aceitá-los.
Essa diferença nas percentagens de aceitação de convites diretos para sexo por parte de homens e mulheres é muito bem explicada pela teoria psicobiológica. Segundo esta teoria, as mulheres têm menos interesse no sexo casual do que os homens porque, para elas, o custo de uma relação sexual pode ser muito maior do que para eles: elas podem engravidar e isto tem muitas conseqüências (gestação, riscos envolvidos no parto, criar o filho). Os homens, por outro lado, têm muito menos a perder com o sexo casual — “apenas uns míseros espermatozóides” —, mas muito a ganhar (descendência), na opinião de um estudioso desta área. Para as mulheres, o sexo é mais atraente quando existe envolvimento emocional com o parceiro.

Limitações deste estudo

Uma das razões pelas quais os convites apresentados no estudo de Clark e Hatfield diretos tiveram um alto grau de sucesso é que eles foram apresentados nocampus de uma universidade. Os freqüentadores desses locais têm as seguintes características que facilitam a aceitação destes convites:
- A maioria das pessoas desses frequentadores não é seriamente comprometida (não são casadas, não têm filhos com o companheiro etc.).
- Nestes locais existem muitas pessoas compatíveis para fins de um relacionamento amoroso (pessoas da mesma faixa etária, mesmo nível de escolaridade, etc.)
- Existe um bom nível de confiança mútua, uma vez que aqueles que convidam e são convidados freqüentam a mesma universidade: o modo como se vestem, o fato de estar naquele local, o fato de estar carregando material escolar etc., tudo isso facilita este tipo de identificação.
Este alto índice de aceitação e o pequeno uso que as pessoas fazem deste caminho para iniciar um relacionamento amoroso sugerem que existem inconvenientes que restringem o seu uso. Vamos discutir agora alguns dos convenientes e inconvenientes da apresentação desse tipo de convite
Convenientes dos convites diretos.
Um convite direto é vantajoso quando:
- Uma recusa por parte de um convidado não é muito importante.
- O convidador prefere ouvir um “não” do que permanecer numa situação indefinida e desgastante por muito tempo.
- O convidador é muito assertivo e está seguro de que o convidado vai aceitá-lo.
Inconvenientes dos convites diretos.
Um convite direto é desvantajoso quando:
- O interesse do convidado está apenas começando a nascer. Neste caso, o convite direto “queima etapas” que podem ser necessárias para desenvolvimento do relacionamento amoroso.
- Infringe normas sociais. Em geral, convidar diretamente não é uma forma de iniciar relacionamentos amorosos socialmente aprovada.
- Risco de perda de um relacionamento que já existe. Muitas pessoas têm um relacionamento extra-amoroso (amizade, relações comerciais etc.) por quem também sentem atração amorosa. Neste caso, um convite recusado além de não iniciar o relacionamento amoroso também pode estragar o relacionamento extra-amoroso que já existia.
Prejuízos para a auto-estima. Ser rejeitado é sempre dolorido e ruim. Ser rejeitado diretamente pode ser muito destrutivo para aquelas pessoas que têm problemas de auto-estima. Certo grau de ambigüidade, tanto no convite como na resposta, ajuda a “salvar a cara” do convidador e do convidado e contribui para preservar a auto-estima de quem é rejeitado.
- Diminui a chance de conquistar o convidado no futuro. Esta diminuição acontece porque várias das estratégias utilizadas para cativar uma pessoa pressupõem que ela não esteja ciente do interesse amoroso por parte de quem as utiliza.
Você tem muito medo de revelar o seu interesse amoroso e ser rejeitado?

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