Hábito de gritar e estapear filhos não os ensina a agir corretamente


Andando por um shopping, quase fui atingidO por um carrinho de bebê que era delicadamente empurrado por uma garotinha de três anos. Com o intuito de repreendê-la (não ensiná-la), a mãe deu-lhe um tapa e em tom ríspido disse-lhe que não podia fazer aquilo.
Com certeza não sabemos o clima que estava entre as duas e o quanto a mãe poderia estar cansada, inclusive de cuidar da prole. Porém, mais que um fato isolado, tenho visto comportamentos como esse em lugares públicos. Em algumas ocasiões, a criança leva um safanão por simplesmente pedir ou deixar cair algo. Geralmente o comportamento condiz com sua faixa etária.
Muitos dirão que não é fácil cuidar dos filhos e criá-los, e eu concordo plenamente. Porém, argumentos assim não podem servir de justificativa para atitudes hostis. Elas, além de não mostrar às crianças um jeito adequado de agir, apenas lhes dizem que são um estorvo ou desajeitadas. E o que é pior: humilham-nas na frente dos outros.
Como ensiná-las, então? Ainda acredito nas palavras. No caso citado, ao contrário de bater na menina, que, diante de seu susto pode nem compreender o porquê de estar recebendo aquele tapa, pouco fazendo sentido a reação do adulto, o melhor seria chamar-lhe a atenção para as consequências do que estava fazendo. Assim, quem sabe, ela poderia aos poucos se dar conta do espaço que ocupa e das outras pessoas que estão nele.
As crianças agem pelo sabor do prazer e do que acham que devem fazer, num pensamento em que ainda são o centro, principalmente as menores. Quando empurra um carrinho que bate no outro, a menina de apenas três anos não se dá conta de que pode ferir alguém (inclusive, ela não deveria empurrar o carrinho, pois ela própria poderia se machucar). Simplesmente reprimir um comportamento pouco ajuda as crianças a desenvolverem a noção do outro e de espaço. Isso depende de um aprendizado proporcionado pelo adulto.
Esse é um exemplo muito recente que vivi. É muito comum, porém, presenciá-lo em várias situações, onde os pais mostram total impaciência e inadequação em lidar com os filhos, esperando muitas vezes que eles estejam prontos para serem aquilo que imaginam que devem ser. Ser pai é ensinar sempre e com muita paciência.
O ano está começando. Para muitos é vida nova. Mesmo mantendo velhos hábitos que funcionam, existem outros que não servem para muitas coisas e só atrapalham. Gritar com os filhos e estapeá-los é um deles.

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