Postagem nas redes sociais: quinze minutos de fama imaginária Neste artigo vamos analisar brevemente alguns dos principais motivos para usar as redes sociais e expandir um deles: a sensação imaginária dos quinze minutos de fama.


Por que você usa as redes sociais?

Para ajudar você a identificar os seus motivos para frequentar as redes sociais, dê uma nota de zero a dez (zero: essa afirmação não descreve meus motivos; 5: essa afirmação descreve moderadamente meus motivos; 10: essa afirmação descreve totalmente meus motivos) para cada um das seguintes afirmações:
Uso as redes sociais para:
(    ) Interagir com amigos e conhecidos
(    ) Fazer novas amizades
(    ) Divulgar os meus negócios e atrair clientes.
(    ) Afastar a solidão
(    ) Preencher o meu tempo livre
(    ) Projetar uma boa imagem (divulgo fotos e noticias sobre lugares badalados que frequentei, eventos importantes que compareci, etc.).
(    ) Iniciar e desenvolver relacionamentos amorosos.
(    ) Melhorar minha autoestima (“Olha como estou lindo nessa foto!”, “Olha como esbanjo sensualidade”; “Olha as causas boas com as quais me identifico!”)
(    ) Mostrar como aprecio e invisto em uma boa filosofia de vida (sou um divulgador de frases de mestres, lições de vida dos filósofos, ensinamentos daqueles que venceram na vida, etc.)
(    ) Divulgar e apreciar publicações humorísticas (charges, piadas, frases humorísticas)
(    ) Divulgar as minhas causas sociais, ideológicas e religiosas: minhas ideias politicas, minha religião, o meu compromisso com causas sociais, causas ecológicas, etc.
(    ) Assumir minhas responsabilidades como cidadão: manifestar-me politicamente, pressionar autoridades, ajudar a criar uma consciência social.
(    ) Divulgar e defender o grupo e opções com os quais me identifico ou simpatizo: opção sexual, grupo étnico, etc.
(    )  Criar a sensação que sou uma pessoa pública (sinto que sou uma pessoa pública e famosa quando posto)
(    )  Criar a sensação que sou moderno
(    ) Tornar público informações, fotografias e acontecimentos que só interessam a mim mesmo ou a umas poucas pessoas ("big brother virtual")

Você provavelmente atribui nota cinco ou maior que cinco para várias dessas afirmações. Essas afirmações que tiveram nota acima de cinco provavelmente indicam as suas principais motivações para participar das redes sociais.

A participação em redes sociais se tornou obrigatória

Você que está lendo esse artigo provavelmente participa de pelo menos uma das redes sociais que existem na internet (Twitter, Facebook, YouTube, LinkdIn, Instagram, etc.).
A participação em redes sociais na internet já está incorporada à vida de quase todo mundo, principalmente dos mais jovens. Essa participação se tornou um forte hábito. Quando não conseguimos acessar as nossas redes sociais várias vezes por dia, experimentamos uma espécie de crise de abstinência, tal como acontece com os viciados em drogas, quando deixam de tomá-las.

Muitos motivos para participar das redes sociais

Alguns dos principais motivos específicos para participar dessas redes foram enumerados no questionário apresentado no início desse artigo.
Falando mais genericamente, participar de redes sociais se tornou obrigatório. Quem revela que não participa de nenhuma delas é visto como um ser estranho e peculiar. A hipótese mais provável para essa ausência é que o abstêmio deve ser um antiquado que está completamente alheio ao mundo moderno ou tem algum tipo de problema sério que explica tal alienação.
Ter um site, ter um endereço no Facebook ou uma conta no Twitter se tornou uma obrigação e qualquer profissional ou firma que não disponha de pelo menos um desses endereços é visto como retrógrado.

Quinze minutos de fama simulada


A simulação de fama pode ser comprada

A fama é muito atraente para muita gente. Como ela não está ao alcance da maioria dos mortais, alguns espertalhões passaram a vender uma produção elaborada que dá a sensação para o seu comprador que ele é famoso. Nos EUA, por exemplo, você pode contratar uma agencia que lhe preparara os tais quinze minutos (ou o tempo que você quiser e puder pagar) de fama: você será hospedado em uma suíte presidencial de um hotel famoso; receberá muitos pedidos de entrevista; concederá entrevistas coletivas para a televisão; ao sair na rua, será protegido por vários seguranças e será assediado por fãs; dará muitos autógrafos; poderá ser apresentado para pessoas realmente famosas, que foram contratadas para participar desse acontecimento, etc. Todos esses eventos, que costumam acontecer com pessoas realmente famosas, foram produzidos artificialmente pela firma contratada. Todos os participantes desses eventos são atores e figurantes que desempenham papeis que contribuem para que aquele que os contratou se sinta famoso e poderoso! Algumas pessoas desavisadas que presenciam esses acontecimentos podem concluir que alguém realmente famoso está presente e aderir às tietagens do "astro" ali presente. O comprador poderá, assim, sentir o gostinho de ser famoso. 
Comprar uma produção desse tipo para ter a sensação de fama pode custar muito caro e parecer um tanto ridículo. No entanto, existe uma maneira mais barata que está sendo largamente usada por quase todo mundo: a imaginação que de que é famoso que é produzida pela participação em redes sociais virtuais.

Fama imaginária produzida por participações em redes sociais virtuais

“No futuro todo mundo será famoso por 15 minutos.” Esta afirmação de Andy Warhol se tornou realidade, pelo menos na imaginação de certos usuários das redes sociais virtuais. Ao postar algo, esse tipo de internauta sente que pode estar se expondo para todos os habitantes de nosso planeta (alguns imaginam algo mais cósmico, ainda! Rs.) e que a sua postagem pode se tornar “viral” (se espalhar como um vírus para milhares ou milhões de internautas) e, assim, lhe proporcionar fama e muito dinheiro!
Claro que as chances de um internauta qualquer ficar famoso são menores do que a de ganhar na loteria comprando um único bilhete. No entanto, diferentemente da loteria, não é fácil conferir os resultados das participações na internet e, também, diferentemente do bilhete da loteria, que só concorre a um sorteio, aquilo que é postado pode ter resultados em futuro com prazo indefinido (aquilo que é postado pode ficar para sempre registrado e um dia ser recuperado e reconhecido como algo valioso).
Como é difícil avaliar quais e quantas pessoas tomarão conhecimento de uma dada postagem, isso produz aquela sensação que ela está na iminência de se tornar extremamente popular ou de ser apreciada por pessoas importantes. A todo o momento é divulgada a noticia de que uma determinada pessoa postou algo que foi visto por milhões e que, por isso, ela ficou famosa e ganhou muito dinheiro. Essas notícias alimentam as nossas esperanças que isso também poderá acontecer conosco, com a nossa próxima postagem.
Na realidade, a quase totalidade das participações nas redes sociais não tem nenhuma repercussão: ninguém toma conhecimento delas. Na melhor das hipóteses, essas participações são vistas por um pequeno grupo que costuma “curtir” até mesmo sem ver o que foi postado ou, em casos mais raros ainda, tecer breves comentários. Esses “curtidores” e “comentaristas” geralmente são motivados pelo relacionamento especial que têm ou pretendem ter com o postador ou são apresentados na base da reciprocidade: curto e comento o seu e, depois, você curte e comenta o meu.
Usamos a ambiguidade das informações sobre a magnitude do impacto de nossas participações nas redes sociais para alimentarmos a ilusão que somos, ou podemos ficar famosos. Dessa forma, podemos ter acesso aos nossos quinze minutos de fama imaginária!

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