Qual o seu estilo de amor? Qual o estilo de amor do seu parceiro? Vocês combinam neste setor?



Embora usemos apenas uma única palavra, “amor”, para falar deste tema, na realidade, existem muitas formas de amar. Neste artigo, vou usar a teoria Estilos de Amor, de John Alan Lee (veja a nota 1, no final desse texto) como base para analisar alguns estilos de amor e algumas das principais condições que levam ao apaixonamento e ao amor e que afetam a satisfação com o relacionamento. Vou expandir as concepções desse autor de acordo com as minhas conclusões que são baseadas em dezenas de entrevistas e atendimentos psicológicos que realizei sobre esse tema.
Para aproveitar melhor a leitura desse texto, responda ao questionário abaixo. Ele vai dar uma ideia do seu estilo de amor.

Estilos de amor, segundo John Alan Lee

Leia cada uma das descrições abaixo e dê uma nota entre zero e dez para o quanto cada uma delas descreve a sua forma de amar. (Coloque as sua nota na linha que precede cada descrição).
(Nota- _____) Sinto atração imediata pelo parceiro. Esta atração é causada principalmente pela sua aparência. Geralmente sei descrever qual o tipo físico que me atrai. Pode haver amor à primeira vista. É importante que haja grande atração física e interesse sexual. Não sou muito possessivo. Não temo  entregar-me ao amor, mas também não estou ansioso para amar. Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: "O nosso relacionamento sexual é muito intenso e satisfatório." (EROS)
(Nota- _____) O meu amor que nasce a partir de uma amizade e demora um longo tempo para se desenvolver. O meu amor é baseado em interesses compartilhados e nas semelhanças entre mim e os parceiros. As atividades em conjunto são importantes. O contato sexual é menos enfatizado e começa relativamente mais tarde. O meu amor não se caracteriza pela presença de uma grande paixão. Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: "O melhor tipo de amor é aquele que se desenvolve a partir de uma longa amizade." (ESTORGE)
(Nota- _____) Encaro o amor como um jogo que acontece simultaneamente com diferentes parceiros. Não há emoções fortes. A ênfase recai na sedução e na idéia de liberdade sexual. As promessas que faço são válidas apenas no momento em que são apresentadas e não no futuro. Afirmação típica de quem tem este tipo de amor: "Eu gosto de jogar o jogo do amor com diferentes parceiros, simultaneamente." (LUDOS)
Nota- _____ O meu amor é experimentado como uma emoção quase obsessiva e preocupante que domina praticamente tudo. Esforço-me para atrair, quase continuamente, a atenção do parceiro.  Tenho ciúmes e muita possessividade. Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: "Quando meu amor não me dá atenção eu me sinto completamente doente." (MANIA. Composto de Eros e Ludos).
Nota - _____ A compatibilidade entre mim e meus parceiros e as nossas necessidades mútuas de satisfação são muito importantes. Este estilo de amor às vezes é chamado de shopping list love porque as pessoas que se identicam com ele examinam os pretendentes para ver se atendem a uma série de expectativas antes de se envolverem com eles. Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: "Eu tento planejar a minha vida cuidadosamente antes de escolher um amor." (PRAGMA. composto de Ludos e Estorge)
Nota - _____) Os cuidados com o parceiro e a preocupação em auxiliá-lo a resolver seus problemas são muito importantes para mim. A ausência de egoísmo é uma das características centrais deste tipo de amor. Afirmação típica de quem tem este estilo de amor: "Eu prefiro sofrer a fazer o meu amor sofrer." (ÁGAPE. Composto de Estorge e Eros).
Observações:
1- É muito comum pontuar em mais que um desses estilos. Algumas pessoas, no entanto, não se indentificam com nenhum deles. Também podemos adotar estilos diferentes para diferentes parceiros ou em diferentes circunstâncias. No entanto, geralmente temos um estilo característico e duradouro.
2- A finalidade desse questionário é ajudar você a fazer uma ideia do seu seu estilo de amor. Existe um teste, muito bem feito, que pode medir mais exatamente o seu estilo.2
3- Uma versão deste Questionário foi incluída em um artigo anterior desse blog.

Variações na facilidade para apaixonar e amar

Uma enquete que realizei mostrou que estudantes universitários, de aproximadamente vinte e quatro anos de idade, já tiveram 3,6 paixões e 1,3 amores na vida. Um ponto interessante dessa enquete é que ela mostrou uma grande variação interpessoal na quantidade de paixões e amores desses estudantes. A quantidade de paixões variou entre zero  (4,2% dos estudantes) e sete ou mais paixões (9,4%dos estudantes). Também foi constatada uma grande variação interpessoal na quantidade de amores: entre zero (12.6% dos estudantes) e mais que quatro  (2,8% dos estudantes). A grande maioria dos estudantes relatou uma quantidade de paixões e amores que ficava entre esses extremos.
Essas percentagens indicam que a capacidade para se apaixonar varia muito mais entre as pessoas do que a capacidade de amar. Alguns dos motivos dessa maior variação da quantidade de paixões são os seguintes: (1) a paixão dura pouco e, por isso, logo que ela termina, a pessoa fica pronta para outra. (2) A paixão é pouco lastreada na realidade e, por isso, pode terminar assim que os envolvidos se conhecem melhor e (3) "paixão" é o nome que damos a posteriori para amores não deram certo.

Amores intensos e irrealistas

Somos capazes de estabelecer fortes ligações afetivas com coisas, animais e pessoas, sobre os quais conhecemos muito pouco e supomos muito. Muita gente se “apaixona” por sapatos, carros e joias. Outras se ligam a animais e passam encará-los como se fossem pessoas dotadas de personalidade, sentimento e sensibilidade tipicamente humanas (humanização). Certas pessoas se apaixonam por desconhecidos e os idealizam, como se eles tivessem muito mais qualidades admiráveis do que realmente possuem. Como a admiração é um dos principais requisitos para o apaixonamento, essa idealização torna esses desconhecidos apaixonantes.

Quando o amor intenso já está pronto para ser disparado

"Ela tem muito amor para dar". "Ela é carente". "Com ele, o amor é fogo de palha"
Certas pessoas conseguem se apaixonar com muita facilidade. Quem as conhece sabe que elas se encantam facilmente com possíveis parceiros amorosos. Por exemplo, quando vão a uma balada, a um congresso ou a show, rapidamente elas localizam alguém que as fascinam e logo ficam encantadas com tal pessoa. Muitas vezes, são necessários apenas alguns minutos para que elas se envolvam fortemente, mesmo quando não sabem quase nada sobre o parceiro e nunca trocaram uma palavra com ele.
Ser capaz de se apaixonar por muitas pessoas é, de certa forma, uma maneira de ignorar as peculiaridades de cada delas. Essa grande capacidade para se apaixonar já está presente nessas pessoas antes de encontrar o parceiro. Por isso, elas precisam de muito pouco estímulo por parte do parceiro para que a paixão  seja disparada. As pessoas que são capazes de se apaixonarem assim, ficam mais em contato com os seus próprios sentimos e pensamentos do que com o que se passa com aqueles que são objetos de suas paixões. Elas também tendem a superestimar as qualidades do amado. Existem pessoas se extasiam com a beleza de uma flor ou com um belo por de sol. Aqueles que estão sempre "prontos para amar" se extasiam diante de pessoas que possuem um conjunto mínimo de características, mas que, para eles, são condições suficientes para disparar seus amores.

 “Realistas no amor”

Uma parte das pessoas é “realista” no amor. Dois tipos de realistas são bem conhecidos: os pragmáticos, que examinam demorada e racionalmente as qualidades e defeitos dos parceiros antes de se envolverem com eles, e os estórgicos, que consideram o estabelecimento da intimidade como um requisito imprescindível para o nascimento do amor (ver algumas características desses estilos no questionário acima). Os aspectos românticos e sexuais do amor não ocupam um papel muito importante para os realistas.

Amores de baixa intensidade

Três grupos de pessoas só desenvolvem amores pouco intensos pelos seus parceiros: os insensíveis ao amor, os lúdicos e os agápicos.
Os insensíveis ao amor são aquelas pessoas que não se entregam muito a esse sentimento. São aquelas que respondem "nunca" ou "quase nunca" às perguntas: “Quantas vezes você já se apaixonou?” e “Quantas vezes você já amou?” Existem diversas causas para essa insensibilidade. Duas das principais delas são as seguintes: pais frios e ausentes na infância e traumas em relacionamentos anteriores.
Os lúdicos se interessam por muitas pessoas de diferentes tipos, mas não se ligam profundamente a elas. Para eles, não importa muito as características do parceiro. O que importa é o jogo da conquista. Assim que esse jogo é ganho, o interesse diminui rapidamente.
Os agápicos também se interessam por diversas pessoas. Para eles, as características pessoais dos parceiros amorosos também não são muito importantes. O mais importante para os agápicos é que seus parceiros ofereçam oportunidades para que eles se realizem: ajudem e pratiquem o altruísmo. Um estudo recente mostrou que desenvolvemos sentimentos mais fortes por aqueles que ajudamos e cuidamos do que por aqueles que nos ajudam e cuidam de nós!
O amor pode ser despertado por uma combinação de fatores internos e externos ao individuo. Ou seja, existem pessoas mais ou menos propensas a se apaixonar e a amar e situações e parceiros que são mais ou menos eficientes para despertar nelas esses sentimentos.

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