Usuário precisa de apoio profissional e da família na luta contra o crack,..Comportamento, Dicas para pais e filhos


A iniciativa do governo paulista de internar compulsoriamente (mediante decisão de um juiz) usuários de crack tem dividido a opinião de especialistas. Grupos em defesa dos direitos humanos são contrários a essa ação. Não é para menos. A história das internações psiquiátricas em nosso país é lamentável. Mais que receber um tratamento adequado, os pacientes eram escondidos e punidos, resultando os manicômios em verdadeiros depósitos de pessoas.
Teme-se que as coisas tomem esse rumo. Porém, é preciso confiar que os profissionais da saúde mental evoluíram e possuem uma visão diferente das pessoas com distúrbios psiquiátricos. Consequentemente do tratamento a ser oferecido.
O crack é uma droga muito poderosa e com ação rápida. Em segundos, após ser fumada, seu efeito prazeroso é atingido (alguns o comparam a um orgasmo) e não dura mais que alguns minutos, levando rapidamente à dependência. A necessidade é tanta, que uma pedra é fumada atrás da outra, de maneira compulsiva. Nessa escalada, o usuário passa a não comer ou dormir, ficando esgotado, quando então deixa de usá-lo para depois iniciar outro ciclo. Alguns chegam a ter sintomas paranoicos (desconfiança e medo) e outros psicóticos (alucinações e delírios).
Sustentar o vício não é tarefa fácil. A prostituição e o furto são um meio para isso. Assim como a exploração da própria família. Comportamentos violentos são comuns, levando as vezes a situações extremas, onde pais e filhos se agridem.
Nem todos chegam a esse ponto. Existem notícias de usuários que conseguem se controlar, utilizando a droga ocasionalmente. De todo modo é melhor não arriscar.
Para quem vê essa iniciativa do governo como algo negativo, por considerar que o melhor tratamento é aquele procurado por iniciativa própria (o que não deixa de ser verdade – nada como querer sair do buraco), para as famílias que enfrentam esse drama é um sopro de esperança. Ainda mais para aqueles que já apresentam sintomas paranoicos ou psicóticos. Dificilmente vão procurar ajuda sozinhos, eles não têm a mínima condição.
O projeto prevê também a internação voluntária, procurada pela própria pessoa, e a involuntária, por decisão da família.
Não basta, no entanto, tirá-los das ruas e confiná-los em clínicas para tratar a dependência química. Ações interdisciplinares, envolvendo psicólogos e assistentes sociais, são necessárias. Mais que tirar a droga de seu organismo, o paciente precisa compreender o que o leva a necessitar tanto dela, suas motivações internas (tratar a dependência psíquica). Além de inseri-lo novamente na sociedade, onde possa trabalhar, estudar e tomar as rédeas de sua vida.
Que ninguém tenha a ilusão ou a pretensão de achar que essa medida resolverá o problema do crack. Pelo contrário, estará sendo quebrado o último elo de uma corrente. Combatê-lo exige ações mais difíceis, como o combate ao tráfico. E que muito menos ela sirva de cortina de fumaça para que essa e outras ações não ocorram. Do contrário, a população de usuários aumentará.
Para muitos dependentes e suas famílias é a possibilidade de um novo começo e só por isso vale a pena. No entanto, é preciso que desejem e se esforcem para saírem dessa.
Mas nós temos também que fiscalizar para que não seja mais uma iniciativa que não vai dar em nada ou que se transforme numa caça às bruxas dos usuários de substância psicotrópicas.

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