A Priples, empresa de anúncios virtuais que informa ter cerca de 200 mil associados, está proibida de fazer pagamentos e cadastrar novos integrantes. Os sócios foram presos. A Justiça de Pernambuco aceitou a denúncia, feita pela polícia, de que o negócio trata-se de uma pirâmide financeira.
Com a decisão, sobe para três o número de empresas acusadas desse tipo de fraude e que foram alvo de bloqueios judiciais – as duas anteriores foram a Telexfree e a BBom. Juntas, as três somam mais de 1,5 milhão de membros no País, de acordo com os dados apresentados por seus representantes.
O advogado da Priples não foi localizado até a publicação desta reportagem.
Em seu site, a empresa anunciou nesta segunda-feira (5) que por força de decisão judicial, "estão proibidas novas adesões à empresa Priples, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 50.000,00" e "os pagamentos de comissões, bonificações e quaisquer outras vantagens aos participantes, também sob pena da incidência multa no valor de R$ 50.000,00"
95% da verba vem de cadastros
A Priples foi criada em 1ª de abril com o objetivo de divulgar anúncios na internet. No final de maio, já havia movimentado R$ 107 milhões, segundo o delegado Carlos Couto, responsável pelo inquérito criminal.
Quase a totalidade da receita da empresa, entretanto, é oriunda das taxas de adesão pagas pelos associados, diz o delegado. Um modelo de negócios desse tipo é insustentável pois depende de uma população infinita para se manter de pé.
"Em oitiva [depoimento], o contador da empresa relatou que 95% da receita vinha do cadastramento de pessoas", afirmou Couto.
No último sábado (3), os policiais prenderam os sócios da Priples, o empresário e estudante ciências da computação Henrique Maciel Carmo de Lima, de 26 anos, e a enfermeria Mirele Pacheco de Freitas, de 22 anos. Foram apreendidos três carros – duas Range Rover e um Camaro – e US$ 300 mil em espécie.
Os bens dos sócios e da empresa – nas contas da qual, em 26 de maio, havia R$ 73 milhões, segundo o delegado – deverão ser bloqueados.
Febre das pirâmides
As investigações contra a Priples em Pernambuco começaram em maio, depois que 17 pessoas procuraram a polícia por atraso nos pagamentos prometidos.
Em julho, a empresa também se torno alvo de inquérito civil do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP-RN) .
Ao todo, 31 empresas em todo o País estão atualmente sob investigação por suspeita de serem pirâmides financeiras . Uma força-tarefa constituída de promotores de Justiça, procuradores da República, membros da Polícia Federal e do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça (DPDC/MJ) foi constituída combater esse tipo de fraude.
Em junho, a 2ª Vara Cível de Rio Branco (AC) congelou as contas da Telexfree, que conta com cerca de 1 milhão de associados . Em julho, a mesma decisão foi tomada pela 4ª Vara Federal de Goiás (GO) em relação à BBom , cuja rede tem cerca de 300 mil pessoas.
Em entrevista concedida ao iG em julho, o diretor do DPDC/MJ, Amaury Martins de Oliva, afirmou que o Brasil vive uma espécie de "febre" de pirâmides .
Telexfree e BBom negam irregularidades.
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