Para inibir esta prática, alguns municípios estão adotando a identificação biométrica, pela qual o cartão do usuário só é validado quando ele apresenta as digitais. Depois de Friburgo e Teresópolis, que já usam esta tecnologia, a partir de abril, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá e Maricá, na Região Metropolitana, dotarão os 3,7 mil coletivos com o novo sistema.
Segundo o Sindicato das Empresas de
Transporte Rodoviário do Rio de Janeiro (Setrerj), foram gastos R$ 7,2
milhões em equipamentos e infraestrutura. O processo de recadastramento e
recolhimento das digitais dos estudantes da rede pública, maiores de 65
anos e pessoas com necessidades especiais terminou em julho do ano
passado. O presidente do Setrerj, Márcio Barbosa, disse que as cidades
já receberam um projeto piloto e todo o processo de recadastramento foi
autorizado por Decretos Municipais, precedidos de visitas, para
esclarecimentos, ao Ministério Público e às secretarias municipais de
Educação.
“Fizemos uma grande campanha de chamada para o
recadastramento. Colocamos cartazes em todo o sistema de transporte,
escolas, secretarias municipais, além de usar as rádios locais, carro de
som e folhetos nas áreas de grande circulação de pessoas”, disse.
O especialista em Mobilidade Urbana da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Alexandre Rojas lembra que sempre tem alguém pagando a conta das gratuidades. “Não adianta dizer que não. A conta das gratuidades estão no custo das passagens e quem paga isso hoje no Rio é o usuário, uma vez que as prefeituras não dão subsídios”, analisou o especialista, lembrando que as fraudes impactam todo o sistema, encarecendo ainda mais as tarifas para os usuários pagantes. Ao todo, são 40 milhões de gratuidades por mês, que representam 22% das 180 milhões de viagens mensais no Estado do Rio de Janeiro.
Sem previsão de instalação
O especialista em Mobilidade Urbana
da Uerj Alexandre Rojas avalia que, politicamente, é delicado para
algumas prefeituras aderirem à biometria no combate à fraude na
gratuidade no sistema de transporte público. “Muitos passageiros não se
tocam de que estão fazendo uma coisa errada, prejudicando todo o
sistema. Existe essa cultura no Brasil e o político nem sempre quer
contrariar esses eleitores”, explica.
Na cidade do Rio de Janeiro, a
Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou que “não há
novidades sobre o assunto”, embora equipes da prefeitura já tenham se
reunido algumas vezes com representantes da RioCard para tratar desse
assunto.
Rojas ressaltou ainda que a
tecnologia precisa ter rapidez para não gerar filas nas catracas. “Vai
ser um bom teste fazer isso em cidades menores antes de chegar à
capital. Isso ainda é muito recente. Tem que testar bastante para ver se
vai dar certo.”
A diretora da RioCard Cartões, Renata Faria,
reforçou que as fraudes são da ordem de 30% nas gratuidades do sistema
de transporte do Estado do Rio, mas que estes números não refletem
necessariamente um rombo financeiro, uma vez que muitos destes usuários
deixariam de pegar o ônibus se tivessem de pagar as tarifas.
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