O plano é desescalar a crise que entre os piores cenários incluem guerra civil e invasão russa do leste ucraniano. O acordo estipula anistia a integrantes de milícias que concordarem em deixar edifícios públicos ocupados (e praças), desarmamento destas milícias, compromisso para que sejam evitadas ações violentas, intimidatórias e provocadoras, além de condenação de extremisno, racismo e intolerância religiosa, inclusive antissemitismo. Os termos valem para grupos pró-russos e para nacionalistas ucranianos.
Vamos deixar que até um relatório da ONU qualificou de falsas ou exageradas as denúncias de ataques contra russos étnicos. E um incidente de antissemitismo na cidade de Donetsk, no leste do país, mencionado pelo secretário de Estado americano John Kerry em Genebra, leva todo jeito de provocação pró-russa para reforçar a narrativa de que o governo interino em Kiev é fascista e blá blá blá .
Claro que é muito cedo para saber se o acordo terá pernas para caminhar e quando isto irá acontecer. Horas antes do acordo, Vladimir Putin deu um show com o uso de linguagem agressiva para reiterar os direitos históricos russos no leste da Ucrânia. Ele garantiu que os manifestantes pró-russos são independentes e não marionetes de Moscou. Toda incredulidade é necessária com o presidente russo.
E aqui está a ironia: se houver a implementação do acordo ficará provado o poder de Putin sobre os eventos ucranianos e sua decisão de se contentar com os ganhos conseguidos até agora (como a anexação da Crimeia e o recado para o mundo de que com ele não se brinca). John Kerry enfatizou que é responsabilidade do governo de Moscou controlar os grupos separatistas no leste ucraniano. Se o acordo fracassar, ficará patente que, como na ilustração da capa da edição corrente da revista The Economist, Putin é o urso insaciável que quer abocanhar a Ucrânia.
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