Governo federal adota novo sistema de e-mail contra espionagem


Chamada Expresso V3, a tecnologia possui serviço de e-mails criptografados, que protege a invasão de mensagens digitais, e deve ser implementada a partir de novembro

A partir do ano que vem, todos os funcionários do governo federal, inclusive a presidenta Dilma Rousseff, terão que usar um certificado digital para acessar a conta de e-mail. O sistema, chamado de Token, funciona como um pen drive, que deve ser inserido no computador a cada uso e serve para dar mais segurança e proteger o e-mail de invasões.
O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) apresentou nesta segunda-feira (14) em Brasília a plataforma para aumentar a segurança de transferência de dados. Chamada Expresso V3, a tecnologia possui um serviço de e-mails criptografados - que protege a invasão de mensagens digitais - e deve ser implementada a partir de novembro.
A adoção de novas medidas de segurança ocorre na esteira de denúncias de espionagem por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA), dos Estados Unidos. Segundo documentos vazados pelo ex-analista da agência Edward Snowden, os americanos espionaram diretamente comunicações da presidente Dilma Rousseff, da Petrobras e do Ministério de Minas e Energia.
O diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni, afirmou esperar que a Petrobras também adote a ferramenta. "É um sistema totalmente desenvolvido em software livre, portanto conhecemos tudo o que acontece dentro desses códigos. E isso nos dá a garantia de que os códigos fazem aquilo a que se propõem, não tem nenhuma porta dos fundos fazendo outras coisas", afirmou.
Segundo ele, o sistema é 99% à prova de invasão, pois na área da tecnologia da informação, nunca se pode falar em 100% de segurança.
A troca de dados do Expresso se dá entre os data centers do Serpro - localizados no Rio, em Brasília e em São Paulo, o que aumenta a segurança. "Temos a garantia de que o tráfego é altamente protegido", avaliou Mazoni. Ele explicou que, com a plataforma, o envio e recebimento de informações se dá dentro da rede do Serpro - que é criptografada. Quando o e-mail é enviado a uma pessoa de fora da rede, por exemplo, há a possibilidade que a própria mensagem vá criptografada.
O V3 é a atualização mais recente do Expresso, gerido pelo Serpro desde 2007. Atualmente, parte da administração federal usa a versão V2 do sistema e sua atualização está prevista para começar em novembro. De acordo com Mazoni, que deu uma coletiva de imprensa nesta tarde na sede do Serpro, atualmente 70 mil funcionários federais usam o Expresso. Com a universalização para todas as unidades do governo, conforme quer a presidente Dilma, esse número subiria para 3 milhões, calcula Mazoni.
O objetivo é que até o final do primeiro semestre de 2014 a meta de universalização seja alcançada. Atualmente, usam a ferramenta de e-mails protegidos do Serpro alguns ministérios, como o do Planejamento e o da Fazenda; o Serpro é a empresa responsável por proteger os dados de contribuintes da Receita Federal. Parte da Presidência da República também já adota o sistema Expresso - embora Mazoni tenha afirmado não ser o caso do gabinete presidencial.
Quando a presidente envia uma mensagem oficial eletrônica, os dados são criptografados. No entanto, quando Dilma encaminha um e-mail pessoal, ela usa um serviço de e-mail operado pelo Outlook, da Microsoft, que é vulnerável. O diretor-presidente do Serpro afirmou não ter ainda previsão de quanto seria necessário de investimentos em infraestrutura para universalizar o Expresso no governo federal, mas ele previu uma redução de gastos com a não renovação de licenças dos atuais serviços de e-mail.
Nesta segunda-feira, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou que um decreto vai tornar obrigatório que o governo use e-mails criptografados do Serpro. O objetivo é evitar que autoridades sejam alvo de espionagem e o decreto vai estabelecer um cronograma para que todos os órgãos implantem o sistema. 
A troca do sistema atual de e-mails, que é fornecido pela Microsoft, pelo do Serpro – chamado Expresso – resultará em economia para os cofres públicos. Para dar mais segurança à comunicação entre seus órgãos, o governo pretende usar principalmente a rede da Telebras. Mas poderá usar, também, outras redes públicas, como a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), e a do próprio Serpro.
Com Agência Brasil e Agência Estado

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