Se você não se valoriza, quem vai lhe valorizar?A autoestima é o resultado da autoavaliação dos próprios méritos e deméritos....


Se você não se valoriza, quem vai lhe valorizar?

A autoestima é o resultado da autoavaliação dos próprios méritos e deméritos. As pessoas que têm boa autoestima são aquelas que se avaliam de uma forma positiva. As pessoas que têm baixa autoestima são aquelas que se avaliam de uma forma neutra ou negativa.
A autoestima positiva é mais do que um mero reconhecimento das próprias qualidades. É uma atitude de aceitação e de não julgamento de si e do outros. Julgar e rejeitar a si próprio causa uma enorme dor. Por isso, as pessoas que têm baixa autoestima podem fugir de qualquer coisa que possa agravar a dor da autorrejeição. Elas, por exemplo, procuram assumir menos riscos sociais, acadêmicos e profissionais. Agindo dessa forma, elas recebem menos ajuda para resolver seus problemas, restringem a expressão das suas sexualidades, têm mais dificuldades para ouvir críticas, etc.
A autoestima tem um impacto profundo no nosso bem estar físico e psicológico e afeta as chances de sucesso em diversas áreas de nossas vidas. Por exemplo, uma pesquisa realizada por Bernard I. Murstein, da Universidade Connecticut, na década de setenta, com 99 casais de estudantes que estavam namorando ou eram noivos, constatou que aquelas pessoas que tinham baixo grau de autoaceitação tinham mais chances de estarem envolvidas com parceiros que elas próprias consideravam mais indesejáveis do que aquelas pessoas que tinham maior grau de autoaceitação.  Outro exemplo: existem evidências que indicam que a avaliação da própria aparência é mais relacionada com o sucesso social do que a avaliação realizada por outras pessoas. Ou seja, é mais importante aquilo que você próprio acha da sua aparência do que aquilo que outras pessoas acham. A autoavaliação positiva produz autoconfiança. Esta autoconfiança afeta os comportamentos positivamente e esses comportamentos produzirão efeitos positivos nas outras pessoas!
Quem tem boa autoestima é moderadamente otimista nas autoavaliações
Muitos daqueles que têm baixa autoestima se consideram “realistas”, “pessoas comuns” ou “pessoas médias”. A autoavaliação negativa é mais rara entre aqueles que têm baixa autoestima e, quando acontece, ela indica um quadro grave de autodepreciação que pode estar associado a algum distúrbio psicológico mais grave (depressão, por exemplo).   As pessoas que têm boa autoestima são moderadamente otimistas quando avaliam seus méritos e deméritos. Por exemplo, elas veem os próprios defeitos como temporários (“Estou com este problema agora, mas já vou melhorar.”) e restritos a uma área ou habilidade ( “Apenas cometi um erro. Não sou incompetente”) e os próprios méritos como duradouros e amplos (“Sempre me sai bem nos assuntos acadêmicos”).
No outro extremo da escala de autoestima estão aqueles que são exageradamente otimistas sobre os próprios méritos e que subestimam os seus limitações. Este tipo de otimismo exagerado também trás problemas porque quem se vê desta forma provavelmente não suporta entrar em contato com as próprias limitações e, por isso, não é capaz de se aperfeiçoar e é mal visto pelas outras pessoas. Na área amorosa, por exemplo, aqueles que são otimistas demais sobre seus próprios méritos podem se interessar apenas por pessoas que são muito mais atraentes que eles próprios e, por isso, correm os riscos de sofrer muitas rejeições e de não conseguir estabelecer este tipo de relacionamento. Este otimismo exagerado muitas vezes esconde fragilidades e a falta de confiança em si próprio.
Erros de avaliação daqueles que têm baixa autoestima
Muitos casos de baixa autoestima são resultados de autoavaliações errôneas e pessimistas. Quando uma pessoa se acha incapaz de realizar uma tarefa e ela realmente tem esta incapacidade, isto é realismo e não o resultado de  distorções provocadas pela baixa autoestima. No entanto, quando uma pessoa subestima a sua capacidade de realização de uma tarefa que ela pode perfeitamente realizar, isso é uma distorção negativa da percepção das suas próprias habilidades que é causada pela baixa autoestima.
Mecanismos que distorcem a autoavaliação
Geralmente a baixa autoestima é provocada por vários tipos de distorções na autopercepção e erros nos raciocínios utilizados para tirar conclusões sobre os próprios méritos e deméritos. Os principais erros de raciocino deste tipo são os seguintes:
Concluir sem provas ou contra as provas. Neste tipo de distorção a pessoa conclui sem provas e até contra as provas que dispõe. Por exemplo, um rapaz que atendi em meu consultório acreditava que não iria conseguir namorar porque tinha o pênis pequeno. Perguntei a ele se já tinha ouvido comentários a este respeito das mulheres com as quais ele tinha tido intimidades. Ele respondeu que os poucos comentários que tinha ouvido eram de que o seu pênis tinha o tamanho normal. Isto não o tinha convencido. Pedi então a ele que fosse a um urologista. Os três urologistas que ele consultou afirmaram que o tamanho do seu pênis era perfeitamente normal. No entanto, depois de obter todas estas informações, ele ainda não estava seguro. Só as informações muitas vezes não são suficientes para diminuir significativamente a insegurança. Neste caso, só a terapia e  experiências bem sucedidas são eficazes para combater este tipo de problema.
Generalizar indevidamente as conclusões. Este tipo de erro acontece, por exemplo, quando a partir de poucos casos de fracasso, a pessoa conclui que tudo aquilo que fizer naquela área terá resultado negativo. Por exemplo, uma paciente que atendi era muito desconfiada. Ela relatou que era desconfiada porque foi traída pelos dois namorados que teve anteriormente. Daí para frente, ela passou a desconfiar de todos os homens.
Superestimar a importância das próprias desvantagens e subestimar as vantagens. Por exemplo, um paciente que atendi acreditava que nenhuma mulher interessante iria gostar dele porque era magro e tinha baixa estatura (pesava cinquenta e sete quilos e tinha um metro e sessenta e seis centímetros de altura). Ele, por outro lado, era inteligente, bem sucedido economicamente, elegante, gentil e afetivo. O seu principal erro, que provocava um rebaixamento na sua autoestima, era ter concluído que todas as mulheres atribuiriam uma importância suprema para a sua estatura e pouco peso. Para fins de seleção de parceiros amorosos, as pessoas levam em conta mais de cem atributos.
Dois ingredientes da autoestima
Roy F. Baumeister, professor de psicologia da Universidade Estadual da Flórida, publicou um livro muito interessante sobre a autoestima2. Neste livro, Baumeister afirma que a autoestima é composta por dois tipos de ingredientes: o disposicional e o situacional.
Ingrediente disposicional da autoestima
Quando uma pessoa tem sucesso nas principais áreas da sua vida e, mesmo assim, está insatisfeita consigo mesma, é provável que ela esteja com baixa autoestima causada pelo ingrediente “disposicional”. Este tipo de problema é causado por acontecimentos que ocorreram em outras épocas da sua vida, geralmente durante a infância, e têm raízes profundas. Quem tem este tipo de problema são aquelas pessoas que foram criadas por pais exigentes, que eram insatisfeitos com eles próprios, que eram ágeis para criticar e lentos para elogiar e que nunca estavam totalmente satisfeitos com aquilo que seus filhos faziam. Este conjunto de condições pode produzir problemas crônicos de autoestima. Este tipo de problema é muito arraigado e difícil de ser combatido. O seu tratamento exige um bom tempo de terapia.
Quando a baixa autoestima tem esse tipo de causa, a insatisfação que a pessoa sente não tem um foco definido - ela é difusa: a pessoa não sabe dizer qual é o motivo da sua insatisfação consigo própria. Todos os motivos que ela cita não parecem ser suficientes, nem para ela própria nem para quem a está ouvindo, para explicar a sua insatisfação com ela própria. Os seus sucessos em diversas áreas da vida só produzem alguma satisfação por pouco tempo. Logo reaparece a insatisfação.
Ingrediente situacional da autoestima
Quando o nosso desempenho produz maus resultados em áreas importantes da nossa vida, é razoável que fiquemos temporariamente insatisfeitos com nós mesmos e que tenhamos a nossa autoconfiança abalada. Esta insatisfação e diminuição da autoconfiança são desconfortáveis. Esta insatisfação e desconforto, se bem canalizados, podem contribuir para aumentar a nossa motivação, melhorar o nosso desempenho e, assim, contribuir para a  superação dos obstáculos que estão sendo enfrentados. Por outro lado, quando o desconforto causado pela baixa da autoestima é mal canalizado, a pessoa perde a confiança em si mesma e passa a ter cada vez piores resultados e, assim, acaba entrando em uma espiral descendente.
Segundo Baumeister, o sucesso ou fracasso nas seguintes áreas geralmente afetam a autoestima da maioria das pessoas:
Aparência física.  Quem está insatisfeito com o próprio corpo pode sofrer um rebaixamento da autoestima. No entanto, muita gente que tem uma ótima aparência continua insatisfeita consigo mesma. Estas pessoas se apegam a detalhes (por exemplo, se torturam por pequenas estrias ou por um quadril ligeiramente mais volumoso do que o médio). Neste caso, trata-se de uma distorção da autoavaliação.
Relacionamento social. Aquelas pessoas que mantêm bons relacionamentos sociais geralmente têm autoestima mais alta do que as pessoas que não têm bons relacionamentos sociais.
Personalidade. Vários traços de personalidade estão relacionados com a autoestima. Por exemplo, as pessoas que são otimistas geralmente têm autoestima melhor do que as que são pessimistas.
Imagem socialmente projetada. A opinião das outras pessoas afeta aquilo que pensamos a nosso próprio respeito. Quando a característica que está sendo avaliada é subjetiva, a importância da opinião alheia é ainda maior. Por exemplo, a avaliação da nossa altura está menos sujeito à opinião alheia do que a avaliação da nossa simpatia.
- Sucesso na escola e no trabalho.  Aquelas pessoas que têm sucesso nas atividades acadêmicas e nas atividades profissionais geralmente têm melhor autoestima do que as pessoas que não têm sucesso nestas áreas. Por exemplo, uma reprovação na escola, apesar do esforço para ser bem sucedido, ou ser despedido de um emprego abaixam temporariamente a autoestima.
Sucesso na execução de tarefas da vida diária.  Quem executa com facilidade e sucesso aquelas atividades do dia a dia geralmente tem melhor autoestima do que aqueles que sempre deixando para trás as suas obrigações.
Funcionamento mental.  Aqueles que acreditam nas suas próprias percepções e na própria inteligência geralmente têm melhor autoestima do que aqueles que não confiam nestas suas capacidades.
Sucesso no relacionamento amoroso. Quando uma pessoa é amorosamente correspondida por alguém que ela valoriza e admira, a sua autoestima vai lá para cima. Quando uma pessoa é rejeitada por um parceiro valorizado ou, pior ainda, quando ela é trocada por uma rival, a sua autoestima vai lá para baixo.

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