Escola precisa estimular criança a ler.Dicas para pais e filhos, Educação, Escola


Uma garotinha de oito anos chegou bastante chateada da escola. Havia recebido as notas de algumas atividades. Entre as altas e as não tão altas, uma delas estava um pouco abaixo da média, fato novo em sua vida. A avaliação em questão era de interpretação de texto.
A mãe, agindo de maneira adequada, consolou a criança – não ficou brava e nem a humilhou. Juntas foram rever a atividade para que pudessem entender o que havia acontecido. E assim, tentariam sanar as dificuldades.
O primeiro passo foi ler o texto. Qual não foi a surpresa da mãe ao se deparar com uma escrita confusa, frases mal construídas, vocabulário envolvendo palavras desconhecidas até dos adultos – sem o glossário para ajudar – e termos repetidos sem a mínima necessidade (algo que ensinamos a todos que escrevem para não fazer). Ou seja, o texto não tinha qualidade.
Além disso, ele era inadequado para as características cognitivas e o nível alfabético de crianças nessa faixa etária, cursando o terceiro ano do ensino fundamental. Época em que uma escrita bem elaborada, com frases em ordem direta e palavras do cotidiano, faz toda a diferença. Elas ainda não têm o domínio da leitura, tornando a atividade penosa e pouco atraente.
É necessário que nossas crianças sejam estimuladas a ler. Mas parece que não é isso o que nossas escolas andam fazendo. Basta observar o quanto os pequenos não gostam desta atividade, assim como muitos adolescentes.
O pior, no entanto, era o conteúdo – referia-se ao preconceito de uma menina em relação à outra por uma característica física, a obesidade. Ora, não há problema em tratar do tema, desde que haja discussão e reflexão sobre ele. Ainda mais em tempos em que muito se fala do bullying e da necessidade de se tratar isso nas escolas. O texto simplesmente foi jogado para os alunos.
Isso é um exemplo isolado de como as escolas estão tratando seus alunos. Parecem vê-los sempre além de suas capacidades cognitivas. Esquecem-se de que são crianças, com características intelectuais e emocionais próprias. Aqueles que fazem parte do imaginário das instituições não existem – são super alunos, desejados por elas para conseguirem boa colocação nos índices nacionais, como o Enem.
Geralmente essas escolas são caras e fazem propostas bastante atrativas para os pais. Porém, elas estão se perdendo em sua vaidade. Consideram forçar os alunos para que eles sejam o que não são, à custa de muito sofrimento e frustração.
E nossas crianças, como ficam? Correndo atrás do desejo da escola.
Precisamos repensar a educação em nosso país.

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