A batalha contra o câncer: possibilidades de luta e amparo


Receber um diagnóstico de câncer não é coisa fácil. Geralmente associada a um prognóstico fatal, em uma época não muito distante, nem seu nome as pessoas pronunciavam. Referiam-se a ela como “doença ruim”. Mesmo com o aumento da perspectiva de cura, ainda hoje ela é muito temida.
Não só pelo medo de morrer, mas tudo o que a envolve: exames, cirurgias, radioterapia, quimioterapia e outras coisas. Isso, por um período de tempo longo, trabalhoso e caro. Muito caro.
Diagnosticar e tratar esse mal precocemente, faz toda a diferença. A boa nova é que entrou em vigor uma lei federal que estabelece um prazo de até 60 dias para que pacientes oncológicos, após o diagnóstico, iniciem o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É uma doença que não espera na fila. Ela simplesmente age. Esta lei é um grande alívio para quem não tem outra opção para tratar esse mal.
No entanto, mais que investir financeiramente, é preciso todo um investimento pessoal e emocional. As pessoas acabam vivendo em função da doença. Quando o paciente é uma criança na família, as dificuldades ganham uma dimensão maior: saber que o filho tem algo tão grave costuma cair como uma bomba. O próprio diagnóstico a princípio é negado. Não por desconfiança da equipe médica, mas pela impossibilidade em elaborar tal notícia.
O medo e o sentimento de impotência tomam conta dos pais. Por mais que façam, eles não têm o poder de curar seu pequeno. Assim como nas vezes em que ele caiu: o beijinho milagroso da mamãe fez a dor e o sofrimento passarem na hora. Agora não é bem assim. Certa vez, conheci uma pediatra oncológica que mudou de área por não suportar o sofrimento que via em seus jovens pacientes.
É preciso lutar. Nesta luta é importante que as famílias se unam e falem sobre o assunto – um precisa se apoiar no outro. Nem sempre isso ocorre.  A impressão é que falar sobre a doença faz com que ela se torne real, embora já seja, ou fará com que tudo desmorone. No entanto, colocar o sofrimento em palavras o torna menos assustador.
Também são muito úteis os grupos de apoio, onde há um acolhimento das angústias vividas e o compartilhamento de experiências. Parece menos ruim quando vemos que não somos os únicos e nem que estamos sozinhos. Não dá para vivenciar essa experiência calado.
A luta é longa e possível. Agora mais ainda com a nova lei, que além de impor a rapidez do tratamento do câncer, deve criar condições para que ele ocorra: leitos, equipe médica especializada (para tratar e acolher), remédios, acesso, tratamentos e tudo o que é necessário. Incluindo criar uma rede de apoio psicológico para pacientes e familiares, que é de fundamental importância para a evolução do tratamento.

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