O diretor da Cap Digital, mais importante cluster de tecnologia da informação (TI) da França, Carlos Cunha, disse hoje (28) ver com grande entusiasmo a possibilidade de cooperação entre empresas brasileiras e francesas nessa área. “Porque as empresas brasileiras têm uma competência muito boa e estão interessadas em parcerias com empresas francesas em uma lógica de win win [em que ambas as partes ganhem]”, manifestou, em entrevista à Agência Brasil.
Chama-se cluster uma concentração de empresas que têm características semelhantes e coabitam no mesmo local. Dessa forma, elas colaboram entre si e se tornam mais eficientes.
A Cap Digital é uma das convidadas da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) no Projeto Carnaval que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promove este ano com o objetivo de estreitar relações entre importadores estrangeiros e empresas brasileiras, visando fechar negócios.
A França é o quinto maior mercado do mundo na área de TI. Carlos Cunha salientou que uma parceria entre as empresas de TI dos dois países poderá facilitar a entrada do Brasil no mercado europeu e vice-versa. “Empresas de software [programas de computador] brasileiras entendem que na Europa, para entrar em certos mercados, é necessário certificação. E parcerias com empresas francesas aceleram a possibilidade de integrar, em uma oferta global, soluções tecnológicas brasileiras e entrar mais rapidamente no mercado europeu”.
Cunha organiza visitas de empresas francesas de TI ao Brasil desde 2008 e disse estar à procura agora de empresas brasileiras que tenham interesse em colaborar com as companhias francesas de TI inovadoras. Ele adiantou que muitas empresas francesas estão pensando em formar parcerias no Brasil com empresas de médio e grande porte, mesmo que não sejam especializadas nessa área, “porque entendem que a TI vai criar valor agregado à sua oferta”.
O diretor enfatizou que a meta, no Projeto Carnaval 2014, é valorizar uma ação de cooperação tecnológica e inovadora em torno de um produto ou serviço digital. O cluster francês de TI está baseado em Paris e reúne 800 empresas. Na região, entretanto, existem identificadas quase 2 mil empresas da área, principalmente startups (empresa nova ou ainda em fase de constituição, que tem projetos promissores), ou grandes empresas. “O nosso objetivo é fazer dessas empresas líderes nas suas áreas. Os nossos mercados são todos tradicionais. É o porcentagem do digital dentro do mercado tradicional”.
Cunha destacou que o desafio no Brasil é sensibilizar os governantes sobre o valor do digital em uma economia moderna. “Porque na área da saúde, da educação, da energia, do transporte público, em todas as áreas, o digital pode trazer ou traduzir-se em um acréscimo completo para os usuários. E também, criar valor econômico para as empresas que vendem esses produtos ou serviços tecnológicos”.
O diretor acredita que a Copa do Mundo, que começará em junho, e os Jogos Olímpicos de 2016 constituem eventos importantes na história do Brasil, porque significarão um salto muito grande em nível tecnológico, para responder ao padrão da oferta de serviços digitais exigido atualmente no mundo. “Reconhecemos também a qualidade da estrutura de formação, universidades, principalmente, brasileiras. Na área da informática, [a formação] é muito boa. Isso é muito bom para a empresa francesa que queira também criar aqui mercado, saber que a competência é suficiente para que brasileiros, trabalhando em companhias francesas, possam ajudá-las a criar aqui atividade econômica”.
Por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia, e sua equivalente na França, o BPI France, são oferecidos subsídios que a grande maioria das empresas desconhece. A obtenção de financiamento dessas instituições pode auxiliar na formação de cooperações bilaterais, “onde cada um saia mais forte e mais competitivo”, avaliou Cunha. Ele acrescentou que essa ferramenta poderá, também, facilitar a entrada de empresas brasileiras na França e de companhias francesas no Brasil. Com a ajuda da Softex, ele acredita que a Cap Digital poderá fazer um bom trabalho conjunto para a criação de uma dinâmica de cooperação entre as empresas. “E também nos beneficiar dessas ajudas [financeiras], desses subsídios do governo federal [do Brasil]. Pode ser algo bem interessante”.
Editor: Fábio Massalli
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